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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Resenha: "O Casarão da Rua do Rosário", de @Menalton_Braff @BertrandBrasil

O Casarão da Rua do Rosário "O Casarão da Rua do Rosário"
Autor: Menalton Braff
344 pág.s
Editora: Bertrand Brasil
Lançamento: 2013
*Adicione no skoob
Onde Comprar: Opção 1 - Opção 2

"Na trama, cinco irmãs ocupam o casarão da rua do Rosário. Quatro delas solteiras e religiosas praticantes ao fanatismo; a quinta, viúva de um líder sindical, um dos desaparecidos de 1964. Dois irmãos completam a família: um deles casado, funcionário da prefeitura, o outro, solteiro e com deficiência mental. Este último mora numa espécie de edícula do casarão, enquanto o funcionário mora do outro lado da cidade. A história é contada em primeira pessoa, em cinco partes, com o narrador colado em uma das personagens em cada parte. É uma família com fumos de nobreza em oposição às transformações por que o Brasil vai passando. Os acontecimentos chegam ao início do século XXI, com os filhos da irmã e do irmão casados, em conflito entre si. O filho mais velho do funcionário municipal faz Direito e segue carreira política, chegando a deputado federal da situação já nos fins da ditadura militar. O filho mais velho do líder sindical faz Medicina com especialização em Psiquiatria. Além da história apaixonante, O Casarão da Rua do Rosário é uma aula sobre história brasileira."

"E voltam as flores.A sempre-viva, apesar das pétalas secas, não vai nascer sobre o túmulo por ser excessivamente colorida.À tia Benvinda corresponderiam tais pétalas parecendo mortas desde o nascimento.Não fossem suas cores alegres."(pág. 10)

Olá pessoal tudo bom?A resenha de hoje é do último lançamento do autor brasileiro Menalton Braff, que já ganhou Prêmio Jabuti, no ano de 2000 com a categoria ficção, esse livro se passa na época da ditadura militar, é contado em 1º pessoa através de Palmiro, e é separado em cinco partes, cada uma voltando a determinada época do tempo em que o personagem em foco necessita.O autor apesar de ser gaúcho não ultiliza nenhuma expressão específica da região, a leitura flui normal.

"Me fiz herói a meus olhos, voei como alguns conhecidos, livrei justos e puni injustos, nenhum dos males conseguiu fugir a meu olhar de raio x.Quantas e quantas vezes uma ilusão não nos diminui o peso de uma dor.Assim vivia eu nos primeiros tempos da mudança."(pág. 27)

Ditadura militar no Brasil é um período da história muito interessante para mim, é incrível como o ser "humano"(entre aspas bem grandes) pode chegar a tal ponto na busca do poder social e econômico, toda a opressão e tortura que existiu, no meu conceito acho que aí é que as pessoas tem que lutar pelos seus direitos e serem ativos, na verdade temos que lutar sempre, ir ás ruas, reuniões e etc, usar do método visual quando pedir, solicitar e esperar não fazem mais sentido, sair dessa passividade e lutar pelos seus direitos, direitos esses que são roubados de nós a todo momento, não adianta se fazer de que não está acontecendo nada porque está acontecendo sim, somos roubados todo dia, o dinheiro que devia ser destinado a melhora do país vai para o bolso de políticos corruptos e nojentos que a única preocupação é escolher qual comida de luxo irá ao seu podre estômago no próximo jantar, por que um salário de mais de vinte mil reais não basta, ainda tem que roubas mais da população, que alguns sobrevivem com um salário mínimo e um quase nada de cultura.
Mas voltando...Sim, ainda teve e tem seres ignorantes e "inumanos" que defendem a época dos militares, foi uma época de grande crescimento do país claro, mas o que adianta esse crescimento se tudo é controlado e censurado, que a dor toma o lugar de um sorriso?

"No corredor escuro, nós éramos duas crianças brincando de descobrir o passado, não em uma busca aflita para preencher alguma falha do caminho andado, mas num jogo divertido em que compartilhávamos peraltices às costas dos adultos."(pág. 34)

Menalton é um gaúcho que tive o prazer de conhecer na Bienal de SP de 2012, ele foi um dos que teve que se esconder da ditadura, mudando de nome para escrever seus livros e continuar a vida, todo o conservadorismo da época, a luta de alguns cidadãos, etc são representados na obra do autor, apesar de não ter se aprofundado a fundo no histórico, o livro é ótimo para uma base sobre essa época, lendo como se estivesse vivendo na pele de uma pessoa nesse período, e uma de minhas conclusões é que o livro reflete bem o momento, tudo disfarçado e clamufado, as pessoas que por medo preferem se previnir e não falar sobre o assunto.Quando terminei fiquei com aquela vontade de mais, o livro é ótimo para passar um tempo e aprender um pouco sobre história brasileira, mas faço um pedido para o Menalton fazer um livro focado num personagem como o Bernardo ou até mesmo uma continuação do "O Casarão da Rua do Rosário".

"Mais tarde, os olhos inúteis no escuro do quarto, entendi que tinha sido um gesto síntese de alguma coisa que há muito desejava fazer.Não só por meu primo ser o favorito de Tia Benvinda, mas pelo modo abusado como defedia o governo dos militares, que eu, talvez por influência de minha mãe, e das histórias que ela contava a respeito de meu pai, tinha aprendido a detestar."(pág. 47)

Outra coisa que podemos observar é como a urbanização vai influindo nos personagens e nos seus respectivos comportamentos, e é como influencia todos nós.Adorei o comentário da Bravo! na contra-capa, porque é uma revista que gosto muito e nunca tinha visto em livros sua avaliação.Não sei se falei muito ou se podia falar mais, a diagramação do livro é simples, páginas amarelas e fonte dos livros do Grupo da Record que amo demais pra ler, a capa e contra-capa são super legais imitando uma janela e o material é meio aveludado como os livros "Fallen", "Morte Súbita", "Cidade Mágica", "Ai Meu Deus, Ai Meu Jesus", etc; bom, é isso gente, espero que tenham gostado, curtam, comentem e compartilhem com o pessoal!

"Tia Benvinda perdeu a vontade de viver quando descobriu que lutar pelo embargo da obra era causa perdida.Vimos as lajes chegarem ao décimo andar, então fechávamos as janelas para trocar de roupa porque os operários podiam ver tudo que se passava dentro de casa, na frente de portas e janelas.Nossa vida sofreu, de repente, uma espécie de reclusão: os enclausurados.Foi nessa época que eu saí de casa para cursar a faculdade."(pág. 80)

PLAYLIST:
-"Panis Et Circenses", Os Mutantes OUÇA AQUI!
-"Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", Geraldo Vandré OUÇA AQUI!
-"Alegria, Alegria", - MPB 6 e Caetano Veloso OUÇA AQUI!

"A ditadura está caindo de podre, o governo já tem problemas demais, os caras começam a perder a coragem que a impunidade dá.Pra minha sorte."(pág. 88)

O AUTOR:
Foto -Menalton João Braff
Menalton João Braff (Taquara, 23 de julho de 1938) é um contista, romancista e novelista brasileiro. Sua formação ginasial e clássica se deu entre as cidades de Taquara e Porto Alegre-RS, em uma época em que já se interessava por literatura e militância política, o que, após o Golpe Militar de 1964, resultou em sua perseguição durante a ditadura militar, sendo obrigado a abandonar o curso de Economia, na antiga URGS, para desaparecer como cidadão por alguns anos.
É apenas após a anistia, quando pôde voltar a usar seu nome verdadeiro, que vai buscar estudo acadêmico de Letras em curso da Universidade São Judas Tadeu (em São Paulo), começando a lecionar, na mesma universidade, como professor assistente, enquanto fazia o curso de pós-graduação lato sensu em Literatura Brasileira.
Logo após, em 1984, motivado pelo seu patriotismo, publica seus dois primeiros livros sob o pseudônimo Salvador dos Passos (nome de seu bisavô), com o intuito de ocultar o sobrenome de origem européia. Viria a abandonar o pseudônimo apenas em 1999, quando publicaria aquele com o qual viria a ganhar o Prêmio Jabuti de Literatura em 2000, na categoria "Livro do Ano - Ficção": o livro de contos À Sombra do Cipreste.
A partir daí, sua produção se intensificou. Atualmente, Braff alterna seu tempo entre o magistério, a escrita, conclaves culturais e palestras, além de ser membro e ex-presidente da Academia Ribeiraopretana de Letras (da cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo). Reside desde 1987 em Serrana, cidade satélite de Ribeirão Preto, com sua esposa Roseli Deienno Braff, sua conhecida dos tempos de universidade (Universidade São Judas Tadeu), quando colaboravam para o jornal universitário. Foi professor de Literatura Brasileira no Ensino Médio em escolas particulares de Catanduva, Batatais, Ribeirão Preto, Ituverava e outras.

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"-Bobagem, mamãe, o mundo já é outro.O homem já foi à lua, começam a aparecer pílulas anticoncepcionais, a mulher não é mais o que suas irmãs pensam.E a senhora é um exemplo disso."(pág. 209)

É isso aí pessoal, hoje acho que a Hady esqueceu da coluna ou quis ter uma folga também, não consegui falar com ela hoje, mas enfim, espero que tenham gostado e até amanhã com o resultado do Você Escolhe #2!!!

Um comentário:

  1. Muito obrigado, Guilherme. Gostei do seu modo de resenhar destacando fragmentos da própria obra.

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