Resenha: "O Mal Limpo", Michel Serres

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mal Limpo"O Mal Limpo"(Poluir para se Apropriar?)
Autor: Michel Serres
Tradutor: Jorge Bastos
Editora: Bertrand Brasil
110 pág.s
Lançamento: 2011
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"No novo ensaio de Michel Serres, o autor defende a seguinte tese: para se apropriar de determinado lugar, os homens, assim como os animais irracionais, marcam seu território com excrementos e dejetos. Por que é necessário poluir? 'O Mal Limpo - Poluir para se apropriar?' responde essa pergunta preocupando-se não somente com questões de química, de física e de meio ambiente, mas com projetos, simplesmente humanos, de apropriação. Segundo Serres, a apropriação é uma necessidade das pessoas, mas aquele que reivindica um terreno tem, frequentemente, que lutar contra um rival que também deseja o mesmo bem. Os atos de poluição correspondem a uma expansão no espaço que ele não pode mais possuir. E essa sujeira não diz respeito somente ao lado físico, mas também ao psicológico, como as campanhas de publicidade. 'O Mal Limpo' é um livro de filosofia simples e contemporâneo que aborda um tema que afeta a todos. Nele, o autor se esforça para tentar mudar e abrir a visão do ser humano, pois para entender a poluição também é necessária a compreensão do ser humano como um todo: sua história, seu comportamento e sua psicologia. Pode-se repensar um novo contrato, aceitar que cada um é apenas locatário e retirar as camadas de dejetos para revelar a beleza do mundo? Isso pressupõe muitos esforços, mas trata-se de sobreviver, de defender os bens inestimáveis como a água, o ar, o fogo, a terra e os seres vivos, e ir ao encontro de uma nova liberdade. Tem-se outra escolha?"

Olá pessoas, tudo bom?Estou aqui de novo, com essa merda de vida de vestibulando corrida, enfim, o livro de hoje é O Mal Limpo de Michel Serres, antes de ler pensei que se tratava sobre a poluição crescente no mundo, industrialização, lixo e etc, sim o autor aborda isso algumas vezes, mas não é o principal do livro, posso dizer que a essência desse é o "Poluir para se apropriar."O modo como o ser humano, e não somente nós, mas desde animais, prostitutas até vegetais, árvores, etc, marcam território.
"O limpo se adquire e se conserva pelo sujo.O limpo é sujo."

"Limpo equivale a sem proprietário já definido, oferecendo livre acesso.Ou seja: prope[próprio] quer dizer apropriado, mas então significa sujo; ou propre[limpo] quer realmente dizer limpo e significa, nesse caso, sem proprietário."

Esse livro se trata mais de uma reflexão e filosofia, e é interessante ver como o autor explica vários acontecimentos atuais e antigos através dessa filosofia do Poluir para se Apropriar; ele diz, por exemplo, a origem/descoberta da agricultura foi por que os nossos ancestrais urinavam e defecavam em volta da casa para marcar território e afastar predadores, e isso acabou como um adubo deixando a terra fertilizada.
Sacrifícios são uma outra forma, sujando de sangue templos.
Os países ricos atuais "jogarem" sujeira e dejetos nos países pobres, uma espécie de recolonização, marcando-os com a sujeira.Poluição = Propriedade.

"Os objetos que compramos permanecem sujos, ou seja, apropriados por quem os vende e pelo governo."

 Outro argumento do escritor, é que somos todos locatários, o que concordo com ele; pois os produtos que compramos estão "marcados" pelas marcas/publicidade das empresas, compramos e pagamos(ou não), mas mesmo assim a empresa acaba ficando com seu produto, estamos num aluguel definitivo.Tudo está sujo/marcado pelo governo, marcas, etc.

"Tenho todo respeito pela prática do piercing.Vejo nisso uma reapropriação de si mesmo, de seu corpo e de sua pele, com uma marca, um brasão pessoal, cansados dessa coisa sem graça que é carregar a publicidade dos outros em suas calças."

Vivemos com o propósito de poluir/sujar/marcar território, não importa como, visual/auditivo/ou mesmo a poluição física, tudo para se apropriar de algo, de uma conversa, de pessoas, falando mais alto, comprando e acumulando, vivendo.
Eu gostei do livro, achei que faltou um pouco de dinâmica na escrita e composição, mas é muito bom, essa nova visão do autor abre novos argumentos e novas questões na mente, lembrei de outra teoria, que Machado de Assis cita em Memórias Póstuma de Brás Cubas(não é do Machado, mas não lembro o filósofo, sei que não é o assunto do livro, mas enfim, é a de que o ser humano vive em busca do prazer, e é coerente também, pois estamos trabalhando para poder comprar, para poder ter prazer com essa compra, namoramos e temos relações com outros seres humanos para se ter prazer, seja no amor, amizade, etc. 

"Que eu saiba, predadores que somos, no alto da cadeia alimentar, matamos e devoramos animais e vegetais sem pedir o consentimento deles, que nos dão o sangue, a carne, os ossos e a pele.A partir de qual direito não escrito achamos que os animais, as plantas e o mundo nos pertencem, ou seja, que essas sensações, que esses seres vivos nos foram e continuam sendo dados?"

A diagramação do livro é simples, sem enfeites ou detalhes, gostei muito da capa e achei bem criativa, mas por ela pensei que o assunto era aquele que citei no começo da resenha, mas tem a ver sim com o livro a capa.
Bom gente, por hoje é só, pensei que a resenha iria ficar beeeem maior, mas acho que assim é bom, pelo menos não fica cansativo para se ler, espero que tenham gostado e leiam O Mal Limpo, você não vai se arrepender, é bom para se ter uma outra visão do lixo e do ser humano.O autor tem muitos outros livros lançados aqui no Brasil, e em breve a Bertrand estará lançando outro livro dele.Comentem pessoas!Conto com vocês!

"O primeiro ser vivo a cercar de um terreno, cuidando de urinar a seu redor, tornou-se o primeiro proprietário e, ao mesmo tempo, o primeiro dos poluidores."É puro Jean-Jacques, em versão "verde".Da poluição vem a apropriação e vice-versa."

 
Michel Serres nasceu na França, em 1930. Filósofo e historiador das ciências, desenvolve uma visão do mundo baseada no duplo conhecimento das ciências e das humanidades. Foi aluno da Escola Naval, que abandonou em 1949 – segundo ele próprio, devido em grande parte à leitura de A gravidade e a graça, de Simone Weil, “a primeira filósofa que falou da violência em todas as suas dimensões: antropológica, política, religiosa e mesmo científica”. Cursou a École Normale Supérieure, de Paris, licenciando-se em Matemática, Letras Clássicas e Filosofia, mas se considera autodidata. Professor da Universidade de Stanford e membro da Academia Francesa, é autor de inúmeros ensaios filosóficos e de história das ciências, entre os quais Os cinco sentidos, Notícias do mundo, Variações sobre o corpo, O incandescente, Hominescências e Júlio Verne: A ciência e o homem contemporâneo. Todos estes títulos são publicações da Bertrand Brasil.

Outros livros do autor:

 A guerra mundial Ramos
Os Cinco Sentidos Variações sobre o corpo
Até amanhã gente!

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