100 anos de Nelson Rodrigues!

Hoje fazem 100 anos que Nelson Rodrigues nasceu e O Simbolista traz para vocês um post especial sobre esse grande autor brasileiro!

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 1912, e, com quatro anos, veio com a família para o Rio de Janeiro, cidade em que viveu até sua morte, em 1980. Com apenas 13 anos, começou a trabalhar no jornal “A manhã”, propriedade de seu pai, Mário Rodrigues, e, a partir daí, não parou mais de escrever. Iniciou sua carreira nas páginas policiais, mas depois se dedicou à editoria de esportes, principalmente a duas grandes paixões: o futebol e o Fluminense. Servindo-se de uma visão original, que muitas vezes ignorava o fato em si e se detinha aos seus

detalhes mais fascinantes, Nelson ganhou destaque como cronista e comentarista esportivo.

Nelson Rodrigues e Elza Bretanha / Casamento 1940

Nelson também escreveu 17 peças durante mais de trinta anos dedicados à dramaturgia. “Vestido de noiva”, o segundo texto teatral do autor, é considerado até hoje o marco que inaugurou o modernismo nos palcos brasileiros. A primeira montagem dessa peça, que foi dirigida pelo polonês Ziembisnki, revelou um olhar crítico e irônico sobre uma sociedade que passava por transformações importantes.

As 15 peças que se seguiram consolidaram o nome de Nelson no panteão dos grandes autores brasileiros, mas não sem chocar o público em diversas ocasiões. Ao abordar temas polêmicos como incesto, traição, sexo, e utilizar uma linguagem expressionista que exacerbava imagens e situações extremas, o dramaturgo teve problemas frequentes com a censura, com a crítica e com as plateias moralistas do Brasil. No entanto, mesmo sendo alvo da animosidade, o valor dramático de sua obra foi reconhecido prontamente desde o começo.

A obra de Nelson também é composta por contos e romances, cunhados muitas vezes sob pseudônimos, como Suzana Flag e Myrna, e cujos destaques são os livros “Meu destino é pecar”, de 1944, e “Asfalto selvagem”, de 1959.

Enquanto esteve vivo, acompanhou a adaptação de sua obra para o cinema e chegou a colaborar com o roteiro de “A dama da lotação”, de Neville D’Almeida, “Bonitinha, mas ordinária” e “Álbum de família”, de Braz Chediak. Escreveu também os roteiros para dois filmes: “Somos dois”, de Milton Rodrigues, e “Como ganhar na loteria sem perder a esportiva”, de J. B. Tanko.

Frasista genial e dono de uma produção multifacetada, Nelson Rodrigues refletiu as miudezas do brasileiro na sua arte de forma única, polêmica e fascinante. Até hoje a obra rodrigueana se mantém atual, instigante e moderna, o que garante um lugar perene na memória cultural do nosso país.

"Invejo a burrice.Por que é burra."

O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair da situação difícil em que estava. Assim, escreveu "A mulher sem pecado…", sua primeira peça. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero literário predileto, e suas peças seguiram essa predileção, pois as mesmas são como romances em forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo realista. Não é à toa que foi considerado um novo Eça. De fato, a prosa de Nelson era realista e, tal como os realistas do século XIX, ele criticou a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento.

Sendo esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson não deixou de inovar tal como fizeram os modernos. O autor transpôs a tragédia grega para o sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras daquela, mas com um tom contemporâneo. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua gênese em obras do século XIX, como "O Primo Basílio", e se desenvolveu grandemente na obra do autor pernambucano. Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura brasileira.

"Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor."

Confira 10 peças do autor que estão em cartaz neste momento em São Paulo:

http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2283/dez-pecas-nelson-rodrigues

"A verdade é que não há nada mais antigo que o passado recente."

Vocêsabe tudo sobre o Nelson Rodrigues, ou quer aprender mais sobre o autor se divertindo?
O site Colherada Cultural criou um quizz o Anjo Pornográfico em homenagem ao seu centenário!
Clique aqui para participar!

"O dinheiro compra até amor sincero."

REPÓRTER SEM FOLGA NEM PAUSA - Nelson diverte crianças de colégio com uma encarnação da “cabra vadia”, personagem que testemunhava entrevistas imaginárias que ele conduzia num terreno baldio: o olhar do jornalista alimentava o talento do escritor.

"Qualquer mulher é suburbana.A grã-fina mais besta é chorona como uma moradora do Encantado e Del Castilho."

Curiosidades
-Era torcedor do Fluminense
-Trabalhou nos grandes jornais esportivos cariocas
-Algumas de suas obras foram assinadas com o pseudônimo Suzana Flag
-Com quase 14 anos, já era repórter policial do jornal “A Critica” fundado pelo seu pai.
-Em 1920, com 8 anos, ganhou um concurso de redação na sua escola, o tema de sua história falava sobre adultério.
-Sua carreira jornalística começou em dezembro de 1925 como repórter policial
-As obras de Nelson Rodrigues foram adaptadas para a TV:
Engraçadinha – seus amores seus pecados virou série na Rede Globo no início dos anos 90. A protagonista foi interpretada por Alessandra Negrini (fase jovem) e Claudia Raia (fase adulta).
-A vida como ela é também foi apresentada no Fantástico, mais ou menos na mesma época.
-Nelson Rodrigues morreu em 21 de dezembro de 1980 de trombose e insuficiência respiratória e circulatória, depois de ter sofrido 7 paradas cardíacas.

"Só o rosto é indecente.Do pescoço para baixo podia-se andar nu."